Israel é um país recente, fruto de um
movimento moderno, chamado Sionismo. O sionismo nasce com Theodor Herzl, com o
lançamento do Livro “O Estado Judeu”, porém, a aspiração dos judeus a voltarem
para Israel, sempre existiu.
Com a modernidade e principalmente depois
da Revolução Francesa, os judeus saíram dos guetos ou do shtetl, em direção as
grandes cidades europeias. Ao chegarem as grandes cidades se depararam com um
mundo novo, o mundo da fábrica, e mais do que isso, se depararam com uma classe
social nova, o operariado. Era preciso se integrar a sociedade .
Um grande debate se deu dentro da sociedade
judaica, principalmente entre os rabinos e os judeus que queriam se jogar no
mundo moderno. O iluminismo já tinha contestado vários valores e derrubado
monarquias, o iluminismo espalhou o conceito de cidadania, e aquele judeu que
apenas estava na França ou na Alemanha, virou um judeu francês ou um judeu
alemão.
Vários judeus refletindo sobre este
processo adaptaram o iluminismo e iniciaram um movimento filosófico chamado de
Haskalá. A Haskalá, dizia que o judaísmo tinha que se modernizar, que o judeu
tinha que ir para a universidade, que tinha que falar a língua nacional, que
tinha que adotar a cidadania local e nem por isso deixaria de ser judeu.
Os judeus operários nas grandes cidades
criaram o maior partido de esquerda da Europa, o BUND. E apesar de sua condição
civil de cidadão, muitas vezes, os judeus eram vistos como intruso, como aquele que chegou
e tirou o emprego de um suposto cidadão legítimo.
Nessa época, é verdade que alguns judeus já
tinham uma vida próspera e bem burguesa, sendo algumas famílias donas de
verdadeiros impérios financeiros. Porém, a grande massa judaica estava no BUND.
Não tardou para que teorias conspiratórias ganhasse força na Europa, as ideias que os judeus queriam conquistar o
mundo, que os judeus eram os verdadeiros agentes do capitalismo ou que os
judeus espalharam o comunismo pela Europa se disseminaram. Essas teorias passaram rapidamente
para uma prática violenta, conhecida como Pogron, onde lojas de judeus eram
quebradas e judeus eram agredidos nas ruas. A Europa tinha sem dúvida, uma
questão, a questão judaica.
O Movimento Sionista ganhou força neste
momento e diversos congressos foram realizados, várias teses foram debatidas,
de toda e qualquer espécie. Acho até que o mais correto seríamos chamar de
sionismos. Os líderes sionistas queriam que o povo judeu tivesse um Estado, e a
questão se tornava urgente, pois, a situação na Europa e na Rússia piorava
bastante.
Após um longo debate, ficou decidido que o
lar judaico deveria ser a Palestina. Os sionistas através de doações começaram
a comprar terras na Palestina. Com a crise econômica na Europa, o aumento do
antissemitismo e a I Guerra Mundial, aumentou consideravelmente a imigração
judaica em direção à Palestina. Assim como aumentou o interesse árabe em vender
algumas de suas terras para os novos colonos judeus. Os árabes estavam fazendo
bons negócios e voltavam para suas casas felizes com o dinheiro das vendas das
terras.
Com o aumento da imigração, os judeus
começaram a criar cidades, como por exemplo, Tel Aviv em 1909 e instituições, como
por exemplo, a Universidade Hebraica de Jerusalém em 1918, e para quem acha que
o domínio daquelas terras era dos árabes, se engana, pois quem mandava na
região era principalmente a Inglaterra. O que não quer dizer, que os Árabes não
tivessem um projeto nacional para aquele local, pois tinham.
Nessa época, alguns conflitos entre árabes
e judeus, começaram a acontecer, pois, com o crescimento da imigração judaica,
os judeus foram se estabelecendo na Palestina negociando com o mandatário do
local a Inglaterra.
Com o final da II Guerra Mundial, a ONU,
numa tentativa de conter os conflitos iminentes entre árabes e judeus dividiu o
território em 2 Estados, Um para os judeus e o outro para os árabes.
O lado árabe não aceitou a partilha, e logo
começou uma guerra, vencida por Israel. Alguns Palestinos foram expulsos de suas
terras e outros fugiram do conflito. Israel se estabeleceu como um Estado na
região em 1948. Após essa data vários outros conflitos ocorreram na região,
todos vencidos por Israel, que também aproveitou para alargar seu território.
O Estado de Israel se estabeleceu de forma
legítima, fruto de um movimento político legítimo. Não reconhecê-lo é uma perda
de tempo que até a OLP já desistiu de negá-lo. Agora é hora dos judeus
israelenses ou na diáspora pressionarem seu governo a negociar um acordo de
paz, e a não mais boicotar o estabelecimento de um Estado Palestino
Henrique Fridman é professor de História,
Pós Graduado pela PUC-RJ e pela Universidade Hebraica de Jerusalém.